domingo, 4 de dezembro de 2016

Alzheimer

No dia 30 de Novembro de 2016 estive presente na formação sobre Alzheimer em Trancoso no pavilhão multiusos, organizada pela caixa de credito agrícola e pela Associação "Alzheimer Portugal" http://alzheimerportugal.org/pt/ com o tema: cuidar da pessoa com doença de alzheimer.
Este resumo visa dar-vos conhecimento de alguns anotamentos que apanhei que na minha opinião são pertinentes para a instituição onde trabalhamos e para os interessados claro.
O objectivo foi compreender melhor a doença de alzheimer e outras demências assim como agir e actuar nas diferentes dimensões da doença e reconhecer a importância do papel do cuidador.
Esta formação foi interessante para sensibilizar as instituições que é importante ter profissionais para fazerem a estimulação dos idosos, reconhecer esta patologia nas instituições e ser reconhecida também a nível médico/clínico.
Começou-se por se definir doença de alzheimer. É um tipo de demência, que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento entre outras).
Existem sinais de alerta nesta doença como por exemplo as alterações da memória, irritabilidade,etc.
Quando a pessoa perde uma capacidade, raramente consegue voltar a recuperá-la ou reaprendê-la.
Esta deterioração tem como consequências alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, dificultando a realização das suas atividades de vida diária.
É um processo que tem 3 estádios evolutivos: Doença de Alzheimer ligeira, moderada e severa.
1.º estádio ligeiro: este é o que tem a afectação da memória recente. Os doentes neste estágio tem dificuldade de resolução de problemas, evidentes alterações de humor, tendo comportamentos diferentes que antes não teriam (exemplo dizer palavrões), linguagem alterada e distorção de informação. Não têm a percepção do que está a acontecer, não dizem o que estão a sentir.
2.º estádio: aqui o doente pode ter delírios e alucinações. Têm medo de ser roubados por exemplo pela família. Higiene pessoal a decair, perda de autonomia cognitiva. Agitação, insónias. 3.estadio: o último estádio da doença no qual o paciente deixa de reagir a estímulos. Nesta fase o doente necessita de apoio em todas as suas actividades diárias podendo nem se quer ser capaz de caminhar ou sentar-se sem a ajuda de terceiros. É incapaz de reconhecer familiares e amigos e a sua capacidade de comunicação é muito limitada, podendo a fala estar completamente comprometida. É comum os doentes nesta fase terem problemas com a alimentação, recusando-se mesmo a comer.
Especialistas chegam a dizer mesmo que tratar estes doentes é mais uma arte que uma ciência.
Nestas demências existem 2 tratamentos: tratamento farmacológico através de por exemplo donepazilo, ricastigmina, memantina etc.
Quanto ao tratamento inespecifico e tratamento não farmacológico. Aconselha-se a prática de rotinas, um ambiente calmo. Os familiares deverão ser informados sobre esta doença. Deverá ter se uma linguagem simples de estimulação perante o grau de dependência do utente.
Nas terapias inespecíficas que regridam esta doença: faz se a reabilitação neuropsicológica ou estimulação cognitiva.
Existem 3 terapias:
1.Terapia da orientação para a realidade (feita em sessões de grupo, são feitas perguntas espacio temporais, que dia é hoje? Que estação estamos? É inverno, é verão? E resulta muito bem, segundo a fisioterapeuta. Como já não conseguem trabalhar com a informação, a ideia é trabalhar com eles a informação, dependendo sempre do estado evolutivo da doença. Esta terapia é feita logo de manhã ao almoço e antes de ir para casa.
Existem já centros de dia e lares com profissionais de fisiotetapia a fazer estas terapias não farmacológicas. (fantástico).
Nestas doenças a partir de uma determinada fase quem sofre é quem o acompanha, estes doentes arranjam muito facilmente na fase inicial meios de fuga à realidade.
2.A terapia da reminiscência tem por objectivo trazer informação do passado que os faça recordar o seu percurso de vida.
3. A terapia da validação. Comunicar eficazmente com a pessoa que tem Demência pode tornar-se um desafio crescente à medida que ela perde a memória e a capacidade de organizar e expressar os pensamentos. Em muitas pessoas, a perda da memória recente faz com que o passado comece a fundir-se com o presente, o que se traduz em dificuldades acrescidas para os familiares e cuidadores.
Por exemplo, uma senhora com 90 anos vive num lar de idosos. O cuidador dirige-se à idosa como “querida” ou “avó”. Segundo a terapia da validação, o cuidador deveria dirigir-se à senhora como “Sr.ª D. Maria” ou “Maria”, dependendo da situação.
Por exemplo, a pessoa com demência pergunta “Onde está a minha mãe?”, e o cuidador responde “A sua mãe já morreu há 30 anos. Estamos em 2016.”
Neste caso, seria mais adequado validar o sentimento que está por detrás desta pergunta – possivelmente a pessoa está a perguntar pela mãe porque tem saudades dela. “Fale-me um bocadinho da sua mãe… Como é que ela era?”

Resumindo e nesta doença:
As causas destas doenças não são conhecidas. Evolução em 3 estádios evolutivos e tem tratamento farmacológico, e não farmacológico. Esta doença implica deterioração generalizada dos seus cuidadores. Ninguém está imune a esta doença!!!
Assistimos ao pequeno vídeo sobre alzheimer disponível aqui
A principal alteração física que se denota é a perda de equilíbrio.
A pessoa muda a consciência do problema aos 2 extremos: ou querem ficar isolados e não querem se movimentar ou ficam mais agitados. Comecam por vezes a ficar mais tempo em casa ou na cama, sendo muito grave acelarando o processo de acamamento. O objectivo das terapias é retardar este processo.
Nos delírios e alucinações não se sabe de onde vêm mas existem devido a um determinado estímulo. Ex. Ouvem o som da tv e lembram se de um carro. É um delirio. As alucinações é quando estão a viver algo do passado como se fosse presente.
Relembram-se por exemplo da morte dos pais. Tem de se distrair a pessoa não ralhar,falar com calma,tentar perceber o que esta a viver. Não discutir sobre isso porque não vale a pena, deve se distrair a pessoa. Nao discordar nem entrar na alucinação por brincadeira.
O contacto físico por vezes pode ser tranquilizador, se tolerado.
Nas alterações de humor as causas podem ser várias: apatia, depressão.
Deveria ser política das instituições! Podem não ter muitos profissionais executivos mas tem uma boa equipa técnica bem diversificada e que trabalham todos com os utentes.
Nestas intuições tem rotinas. Por exemplo de manhã tem as horas de estimulação cognitiva, após comer tem a rotina de lavar os dentes e por aí fora.
Vamos acreditar que estes doentes estão com fralda e dizem que querem fazer chichi e acreditar que as colaboradoras não dizem "então faça na fralda" e dizem “vamos lá a casa de banho”. Temos de nos recordar que temos de humanizar mais os serviços!
Nestas doenças temos de dar suporte e carinho. Não insistir constantemente para que se anime a pessoa não percebe e vai fazer acontecer o contrário.
Mesmo acamados eles sentem. E devemos manter o toque de mão, o beijinho, sem infantilizar, claro.
É importante ter formação nestas áreas para conhecer as necessidades destes utentes para serem supridas.
Na labelidade emocional é das coisas mais difíceis de lidar. Porque pode estar bem e de repente a pessoa fica triste. Aqui tentamos sempre descobrir a causa embora não sabendo se exprimir devemos tentar saber. Sabendo o motivo devemos afastar a causa, evitando chegar as situações ao limite afastando a atenção, procurar mantermos nos tranquilos na relação com o utente.
A ansiedade aumenta com a gravidade da demência e existe porque há consciência da perda de capacidade, exprime-se com choros, deambular. Na agressividade também é comum. Devemos tentar saber a razão e transmitir sempre tranquilidade mas a primeira prioridade é a segurança e a contenção física em casos extremos. As perturbações do sono é muito comum. Olha se nos olhos e fala-se calmamente. Levar o utente a casa de banho antes de se deitar. Com estes doentes o que pode funcionar com um colaborador pode não funcionar com outro. Deve-se diminuir a actividade progressivamente de manhã para a noite.
Acalmar a pessoa na hora de dormir. Pode ser necessário deitar mais tarde se o despertar for mais cedo.
A sexualidade nesta doença é tentar não dar muita importância, afastar a pessoa daquele constrangimento. Atentar à dignidade da pessoa. Respeitar a intimidade da pessoa.
No banho devem ser ser eles mesmos a fazer e perceber em que fase que ela precisa de ajuda e ir o colaborador apoiar mas sempre à maior independência do doente.
Quando se denota a pessoa a mexer nos genitais de outra pessoa a causa pode ser apenas carência afetiva. Devemos adaptarmos-nos nós à pessoa e não a pessoa a nós.
Na orientação trazer sempre na carteira copia dos documentos pessoais, acompanha-lo ao médico.
Na mobilidade devemos orientar e acompanhar e supervisionar a pessoa. Dar indicações simples e adaptar o meio.
Eles tem momentos de ligação à realidade por tanto o mentir dos cuidadores muitas vezes e útil e mais fácil mas muitas vezes gera tensão porque eles percebem..
Mais vale explicar ao utente. Mentir nem sempre é o melhor caminho porque depois eles tornam se mais desconfiados. Porque se apercebem quanto tem esses momentos de ligação à realidade.
Isto não é fácil. Mas convém sempre que a pessoa tenha sempre mais confiança no cuidador.
A comunicação com o doente de alzheimer é muito complicada. Quanto menos falarmos menos eles falam. Devemos integra-los nas conversas.
Falar de forma clara e lenta.
Repetir as mesmas frases as vezes que forem necessárias.
A verdade é que não existem fórmulas mágicas...
A contenção física eles colocam uns pesos onde a pessoa pense que não se pode levantar ao sentir o peso.
Mas nos casos das pessoas que ficam muito ansiosas evita-se a contenção química. Sim contenção química mas para controlar a ansiedade. Mas só em caso de sos. Nunca dopar o doente o dia todo. Dar sim algo prescrito pelo médico em situações de sos.
Nao usar frases nem palavras em mais de um sentido, ex dos provérbios eles não percebem deve se evitar.
Estratégias: adaptar a actividade e graduar a actividade. Dar pistas, e ajuda física quando necessária.
Consultar o médico sempre que apresentar dificuldade engulir e emagrecer.
No tratamento destes utentes o cuidador deve ter bom humor e boa disposição e bom senso
Dados : números alarmantes desta doença:
Ano 2010 - 35.6 milhoes de pessoas
Ano 2030 - 67.50 milhoes
Ano 2050 - 115.30 milhoes
Deixo ainda esta frase que me marcou muito "O doente de alzheimer nunca é um doente sozinho é uma família com alzheimer."
A forma como o cuidador se sente afecta a sua vida a nível social económico físico e emocional. Muitas vezes, as famílias isolam-se por causa desta doença. O que importa e o mais importante é o que é importante para o utente.
A função desta Associação Alzheimer Portugal como associação de doentes é dar os contactos da associação, divulgar e sensibilizar . Dão formação às famílias e aos cuidadores. Têm grupos de ajuda.
www. alzheimerportugal.org
Geral@alzheimerportugal.org

Linha de Apoio "Informar Mais"
Telefone: 213 610 465

Muito obrigada pelas suas intervenções Dra Iris e Dra Mariana