quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Mal do momento

Pergunta: Andreia se te perguntassem qual é o mal do momento, qual seria para ti? 
- Comodismo. 
Pergunta: Porquê? 
- Porque eu tenho histórias na minha vida que comprovam isso. Por exemplo, houve alturas da minha vida em que tudo estava contra mim e eu consegui. O grande problema do comodismo é que nós acabamos por nos tornar no que não queremos. E a maneira de sair do comodismo é pensar no que queremos. Quando nos acomodamos a uma dada situação passa a ser zona de conforto. Saiam da zona de conforto. Sem medo!
Abram os olhos e tenham fé. Sejam felizes minha gente!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Natal

Apesar do Natal Capitalista estar aí à porta, vamos lá procurar o seu verdadeiro significado. Este ano de 2014 foi puxado aqui por casa. Muita coisa mudou e hoje só me quero concentrar nas coisas boas que me aconteceram! O ano ainda não acabou, mas vamos lá fazer alguns agradecimentos! Já pensaram nos vossos? 

Apesar de tudo, a minha família e amigos estiveram comigo durante o ano todo.
Ver as situações da melhor perspectiva possível.
Ter mais coragem.
Tomei mais decisões.
Procurei falar mais, ao invés de guardar tudo para mim e/ou ''engolir sapos''.
Etc... (a acrescentar mais)

sábado, 29 de novembro de 2014

Sem pressa

Não tenho mais tanta pressa. 
Comecei a aprender a ser mais gentil com o meu passo. 
Afinal, não há lugar algum para chegar além de mim. 
Eu sou a viajante e a viagem.

E se?

Ninguém quer falar sobre... E se... Assim e se assado? Frito, Cozido? 
Pára de perguntar "e se" e faz acontecer! E se nunca houver respostas? 
Que sentido tem estudarmos tanto, prosperarmos e procriarmos sempre, se sempre vamos morrer? Se todos iremos morrer, por que precisamos viver? Por que precisamos amar-nos uns aos outros, sermos bons com o próximo e acreditar em Deus? Certamente, pode existir realmente algo mais além do que vivemos hoje, senão não faria sentido estudar, falar, conhecer, sentir prazer, agradecer, perdoar e amar.
E se tudo isto nunca acabar? Os animais que caçam outros animais, que caçam outros e outros e mais outros, para quê? Se todos morrerão de alguma maneira! Sentir saudade, sentir falta de alguém. E se estamos fazendo tudo certo? E se estamos fazendo certo mesmo que as coisas pareçam ser erradas? Todos sabem perguntar, mas ninguém sabe responder.

Dezembro

'Que Dezembro traga de volta todos os sorrisos que Novembro me roubou. 
Traga alegria de sorrir com brilho no olhar e paz na alma. 
Me aproxime de pessoas boas. 
Que a felicidade nunca seja de menos. 
Afaste todo o mal que me rodeia. 
Que Dezembro seja doce e que não enjoe. 
Que me faça sorrir de tanta paz e que Deus me/nos abençoe."

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Uma Promessa para Toda a Vida de Nicholas Sparks

Já está lido!
A sinopse deste livro conta a história de Miles Ryan que desmoronou no dia em que a sua mulher morreu: Missy. Foi o seu grande amor e a carinhosa mãe de Jonah, o filho de ambos. Juntos, tinham uma vida de sonho. Mas numa noite Missy saiu para correr e não voltou mais. Foi atropelada. 

As investigações da polícia nada revelaram sobre o autor do crime e Jonah, já com sete anos, vive numa imensa solidão. Mas há uma luz no seu caminho: Sarah, uma professora que vai ajudar o menino. Entre Sarah e Miles nasce uma paixão verdadeira. Contra todas as expectativas, eles apaixonam-se. Mas um segredo paira sobre o casal. 
Um segredo que os obrigará a questionar tudo aquilo em que acreditavam… E a fazer a escolha que mudará as suas vidas para sempre. 
Um livro intenso de Nicholas Sparks, Uma Promessa para Toda a Vida é uma mensagem de esperança na vida. Um romance inesquecível sobre as imperfeições do ser humano, a resistência perante a adversidade e a incomparável alegria que sentimos quando nos entregamos ao amor.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A Máquina de Escrever: Eu tenho valor

Apxsar dx minha máquina dx xscrxvxr sxr um modxlo antigo, funciona bxm, com xxcxção dx uma txcla. Há 42 txclas qux funcionam bxm, mxnos uma, x isso faz uma grandx difxrxnça.

Às vxzxs, mx parxcx qux mxu grupo x como a minha máquina dx xscrxvxr, qux nxm todos os mxmbros xstão dxsxmpxnhando suas funçõxs como dxviam, qux txm um mxmbro achando qux sua ausxncia não fará falta...

Vocx dirá: "Afinal, sou apxnas uma pxça sxm xxprxssão x, por isso, não farxi difxrxnça x falta a comunidadx." Xntrxtanto, para uma organização podxr progrxdir xficixntxmxntx, prxcisa da participação ativa x consxcutiva dx todos os sxus intxgrantxs.

Na próxima vxz qux vocx pxnsar qux não prxcisam dx vocx, lxmbrx-sx da minha vxlha máquina dx xscrxvxr x diga a si mxsmo: "Xu sou uma pxça muito importantx do grupo x os mxus amigos prxcisam dx mim."




Pronto, Agora consertei a minha máquina de escrever. Você entendeu o que eu queria lhe dizer? Percebeu a sua imensa participação na vida daqueles ao seu redor... Percebeu que assim como existem pessoas que são importantes para nós, também, somos importantes para alguém... Lembre-se de que somos parte do Universo e como tal, somos uma peça que não podemos faltar no quebra-cabeça da vida. (Autor desconhecido)



PERGUNTAS

Qual a tecla que faltava na máquina de escrever? 

Alguma vez você já se sentiu sem importância? Quando?

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Miracle Worker


Para alguns já era tempo de...


Olhó nível


Secret of life


Foco


Portal informativo sobre cancro. Sim, essa doença...

Já conhecem o site "O Onco+"? É um Portal informativo sobre o cancro. 

Lançado por assistentes sociais, profissionais de saúde e juristas recentemente. 

Este portal informativo sobre o cancro pretende ajudar os doentes a esclarecer dúvidas e contribuir para um maior conhecimento sobre a doença.

Tem como principal objetivo "dar acesso à maior e mais credível informação possível, com rigor científico, de forma a compreenderem e/ou conviverem melhor com o que significa Cancro".


http://www.oncomais.pt/
Onco +

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Todomundo

Gaguez

Porque nunca é demais partilhar informação sobre um assunto que ainda é tabu nos dias que correm: 
Hoje é o dia internacional para a sensibilização da gaguez. 
A questão não é o dia em si para se fazer sensibilização, mas a falta de conhecimento de que a gaguez tem cura!
O diagnóstico precoce da Gaguez de desenvolvimento pode fazer a diferença na vida da criança. http://www.sptf.org.pt/

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Outono

A natureza segue o seu caminho criando maravilhas boas de descobrir, de ver, de apanhar e de saborear. Aqui chamam-se "Tartulhos". Assim abertos, que nem guarda chuva a desafiar os aguaceiros! Ou discretos, camuflados entre a vegetação... 
Aos pares, é um gosto encontrar, assim pertinho uns dos outros que é só "encher a cesta". Ou sozinhos que desafiam a ser encontrados e é um regalo que só quem sabe destas coisa sabe explicar.
Ficam estes postais para quem não os pode ver ao vivo!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Reiki Terapia

Sinto-me agradecida porque foi há quatro anos que a busca de auto-conhecimento no Reiki começou.

Posso dizer que o Reiki é que me encontrou a mim porque é isso que eu sinto! 

A partir daí aconteceram algumas mudanças ao participar no Nível I “Shoden” - O Despertar e depois o Nível II: “Okuden” – Guia Interior e quem sabe um dia me envergarei no Nível III “Shinpiden”- O Mestre Interior.

Descobri assim, que todos nós, sem excepções, podemos ser um canal de Reiki. O Reiki pode ser utilizado por todos nós, inclusive crianças, idosos e pessoas doentes.

Todos nós, em determinados momentos da nossa vida, passamos por situações difíceis de sofrimento, tanto pessoais, como também com os mais próximos, a família e os amigos. Nem sempre se trata apenas de sofrimento físico e material, como também emocional e psíquico e em algumas ocasiões espiritual.

Quem nunca sentiu vontade de eliminar o sofrimento ou pelo menos minimizar aquela dor, ajudando no alívio a quem nos cerca quando nos sentimos completamente impotentes?

Muitas vezes me questionei em pensamento que se pudesse dispor de algo para ajudar a aliviar os sofrimentos, a vida poderia ser melhor.

Então encontrei o conhecimento de que o Reiki está disponível para nós e que é inesgotável.

Encontrei um Mestre de Reiki que me fez a sintonização e me deu a conhecer técnicas de aplicação pessoal.

O Reiki é uma energia de amor universal, curativa, cósmica, espontânea e ilimitada, transmitida pelas nossas mãos, com um simples gesto de amor e entrega. É tão simples que até resistimos inicialmente a acreditar. É incrível!

A partir do momento da iniciação, diz-se que "abre-se dentro da pessoa uma porta", pois nos introduz numa nova realidade, uma nova filosofia.

Para nos desenvolvermos enquanto seres humanos temos de estar acima de tudo despertos(as) para o Amor Incondicional por nós e pelos outros.

Sabemos que estamos num mundo ávido por status, mas para mim, a beleza do Reiki está na sua plenitude que de forma humilde e amorosa me ajuda em termos de estabilidade e segurança.

Quero apenas considerar que sou católica praticante e que o conhecimento, saber e prática do Reiki não ocupa lugar algum, pois o Reiki não se liga a religião nenhuma.

Aproveito ainda para colocar aqui as considerações feitas pelo legado do Dr. Mikao Usui as quais concordo plenamente:

Só por hoje…
Não me irrito,
Não me preocupo,
Sou grato,
Trabalho arduamente,
E sou bondoso para todos os seres.

Na terapia reikiana a promessa da cura é um comportamento considerado não ético. O Reiki é um caminho de descoberta individual onde as respostas têm de vir do nosso coração.

Nada acontece por acaso!

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

"Dei-te o melhor de mim" - Livros

Quando acabo de ler um livro, uma palavra ou duas surgem-me e é a partir delas que começo a escrever o que senti com a leitura.

Ao estilo de Nicholas Sparks, no livro "Dei-te o melhor de mim" as personagens são descritas com profundidade, com as características próprias dos seres humanos que somos, com contradições, dilemas e angústias. Isso faz-nos sentir próximos deles e da história, tal como gosto.

Uma história que recomendo, sobretudo para quem quer "viver" um amor forte, mesmo que a vida se encarregue de trocar as voltas...

É, sem dúvida, um livro interessante, com personagens carregadas de emoções, com personalidades fortes e histórias de vida que acontecem ao mais comum dos mortais. As agruras da vida estão a cada esquina.

As posições e posturas das personagens levam-nos a questionar as suas escolhas onde, sem dúvida, os valores familiares e individuais reiteram concluindo que nem sempre o coração está de acordo com o pensamento. Por vezes, a vida faz com que tenhamos de fazer escolhas difíceis e o resultado dessas escolhas irá reflectir-se por toda a nossa vida.

Óbvia escrita pelo sentimentalismo, drama e tragédia." Dei-te o melhor de mim" é um título escolhido sobre o amor e a amizade que mostra que mais vale amar e sofrer do que nunca ter amado. 

O meu trecho escolhido deste livro, na página 104 é: "Os amigos iam e vinham; a família, essa, ficava sempre. Não, efectivamente não faziam confidências uma à outra, mas confidenciar era sinónimo de queixar-se, o que, por norma, constituía uma perda de tempo. A vida era complicada. Sempre fora e sempre haveria de ser, e não se podia alterar nada. Assim sendo, de que serviam as lamentações? Ou se tentava resolver o problema ou então ficava tudo como estava, e nesse caso havia de viver com a escolha feita."

sábado, 28 de junho de 2014

"Bairro 13" - Filmes

Estreia esta quinta-feira: «Bairro 13»
Eu fui ver. Gostei da história em si. 
O filme centra-se numa história de uma cidade dividida por um muro que divide a zona perigosa do resto da cidade. Leva-nos para o imaginário sobre a realidade que existe em alguns países do mundo.  Damien Collier (Paul Walker) é um polícia infiltrado no bairro clandestino em busca do assassino do seu pai. 

Este foi o último filme protagonizado pelo actor a ser exibido no cinema. O mesmo morreu no início do ano vítima de um acidente de viação. Palavras para quê?




«Num bairro de Detroit os edifícios de tijolos abandonados servem agora de abrigo aos criminosos mais perigosos. Incapaz de controlar o crime, a polícia construiu um gigantesco muro de contenção em torno desta área para proteger o resto da cidade.
Damien Collier é um polícia infiltrado, determinado em apanhar Tremaine, o assassino do pai, e acabar com a corrupção.
Para Lino, um ex-presidiário que vive no Bairro, todos dias é uma luta para sobreviver e conseguir levar uma vida honesta. Os caminhos de Damien e Lino nunca se deviam ter cruzado, mas quando Tremaine sequestra a namorada de Lino, Damien decide aceitar a ajuda do ex-presidiário, e juntos vão tentar acabar com a sinistra conspiração que ameaça destruir toda a cidade»

Ficha técnica:
Título: «Bairro 13»
Título original: «Brick Mansions»
Realização: Camille Delamarre
Elenco: Andreas Apergis, Carlo Rota, Catalina Denis, David Belle, Paul Walker e Richard Zeman
Género: Acção/Aventura
País: Canadá
Duração:90 minutos
Ano: 2014

Elogios que curam - Dinâmicas


Lembrem-se sempre que há elogios que curam... e que sabem tão bem que até parecem doces! 

Por isso pratiquem, pratiquem e pratiquem e sejam FELIZES!

Esta dinâmica é uma dinâmica dos recadinhos e é muito divertida. Experimentem! É espectacular!


Dinâmica dos Recadinhos
MATERIAL: Papel e Caneta

Objectivo: Fazer um círculo entre as pessoas presentes e cada um coloca o seu nome na folha e de seguida passa a folha para pessoa do lado.
Conforme cada um recebe uma folha, deve deixar um recado com elogios, palavras de ânimo ou conforto, versos, etc. 


No final, cada um receberá sua própria folha com mensagens especiais para guardar de recordação.
É uma actividade muito especial e interessante pois normalmente recebem-se elogios que nem se imagina receber.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Ouvir coisas - Musica


Os cinco princípios da Marianne Knuth - Pessoas

Cinco princípios: 

1: ser tu próprio
2: fazer algo que impacte positivamente
3: começar já
4: ter contacto e relação com outras pessoas
5: nunca parar de fazer questões. 

Marianne Knuth, in http://www.magazineim.com/home/index.php/i-am/marianne-knuth/?lang=pt
Thumb da Galeria

segunda-feira, 2 de junho de 2014

"Espectadoras de circo" de Claudia Morais - Pessoas

 "Imagine que você está a tentar resolver um problema na canalização lá de casa. É tarde, você está cansado e a última coisa que lhe apetece é estar encaixado debaixo do lava-loiças a realizar uma tarefa que está longe de fazer parte das suas competências. A sua mulher está ao seu lado e vai dando indicações – daquelas que o fazem sentir que está ao lado da patroa e não propriamente da amante. As frases que você ouve parecem ordens – “Mais para a direita”, “não faças assim”, “Experimenta desta forma”. Até que você volta a enganar-se e a água espalha-se num jato que o deixa encharcado. Eu aposto que a sua mulher – qual espetadora deste circo será capaz de soltar uma gargalhada estridente. Este é o momento do tudo ou nada. Você tem o poder rir de si próprio, alinhar na brincadeira e tentar “vingar-se” molhando-a também. Ainda que logo de seguida tenham – ambos – uma cozinha por limpar, aquelas gargalhadas saber-lhes-ão pela vida. Porque são essas gargalhadas que lhes permitem escapar de uma explosão de nervos. Porque é dessas gargalhadas que se vão lembrar quando, anos mais tarde, alguém falar em problemas na canalização. Porque rir a dois é o melhor antídoto para os momentos de tensão."


Texto de: Claudia Morais
http://www.apsicologa.com/

quarta-feira, 28 de maio de 2014

"O Símbolo da Paz" por Andreia Santa Maria - Serviço Social

O “Símbolo da Paz" ainda é desconhecido por muitos (constatação minha). Este símbolo, foi criado em 1958 pelo inglês “Gerald Holtom“, designer profissional, com o objectivo de ser utilizado na “Campanha de Desarmamento Nuclear". Pois foi em Inglaterra, que se realizou o primeiro protesto contra o fabrico e utilização de armas atómicas, utilizando pela primeira vez cartazes com o símbolo representado. “Gerald Holtom” explicou que o “Símbolo da Paz” foi baseado nos códigos de bandeiras, com a sobreposição das letras N (Nuclear) e D (Disarmament), formando a expressão “Nuclear Disarmament” (Desarmamento Nuclear). Mais tarde, o “Símbolo da Paz” apareceu com força nas manifestações do movimento Hippie (Paz e Amor) e nas campanhas contra a guerra do Vietname.
O Símbolo da Paz era mais fácil de desenhar do que a pomba da paz de Picasso. Onde houvesse uma luta pacifista, o “Símbolo da Paz” estava quase sempre presente. Logo, tornou-se um símbolo conhecido em todo mundo. 

Por isto, já não há desculpa para não se saber o que é o símbolo da PAZ!








quinta-feira, 15 de maio de 2014

"A importância da Família" por Andreia Pinho - Serviço Social


Na institucionalização do idoso em Lar é fundamental o acompanhamento familiar.
A palavra Lar é na sua maioria das vezes empregue com conotação negativa e pensada como o fim da linha! Contudo essa ideia tende a ser alterada, pois as instituições com vista ao apoio à terceira idade tendem a melhorar a sua prestação de cuidados, apostando num ambiente “quase” familiar.
A participação activa da família nas actividades quotidianas dos nossos utentes tem um papel fundamental. Viver a terceira idade de forma saudável só é possível com cooperação e articulação entre instituição, como apoio técnico, e a família, com a presença e o apoio afectivo.   

Sabemos que muitos dos idosos não demonstram a importância afeto mas, nas entrelinhas, percebemos que um passeio, uma visita ou uma simples palavra de carinho transforma-se num sorriso.

Andreia Pinho, Assistente Social

A “Soledade” do Idoso, por Andreia Pinho - Serviço Social


Idosos encontrados mortos em casa… são volta e meia notícia à hora das principais refeições do dia!
Um dia olhamos para o espelho e percebemos que o tempo passou… o corpo e a pele estão diferentes, a energia deu espaço ao cansaço e à insegurança. As experiências de vida são agora sabedoria, histórias ricas de senso comum que os jovens teimam em não aceitar como exemplo. Recordo-me como em pequena cheguei a ir à mercearia, na minha bicicleta cor-de-rosa, fazer compras para idosos meus vizinhos e como me sentia útil ao ajudá-los.
É a percepção do passar dos tempos que dá lugar à sensação de inutilidade e depressão. Do fruto das mudanças do corpo e rotinas acabamos por nos isolar quando mais precisamos que nos procurem, de receber um abraço, de uma conversa e reviver emoções como num jogo de sueca.
Um dilema para quem as perdas vão sendo muitas (os amigos, o cônjuge, e até de filhos), conquistas e companhias de toda a vida vão desaparecendo sem aviso prévio deixando marcas, fotografias e alimentando o fantasma da solidão.
A solidão vai permitindo que o idoso perca rotinas e contactos até que os familiares mais próximos e vizinhos tenham notícia pelos piores motivos...abandonados em casa entregues à morte pela solidão e desamparo.
Por isso, devemos estar sensíveis a familiares e vizinhos de mais idade e, se for o caso, abordar o próprio para se dirigir à instituição mais próxima, ou sinalizar a situação também a familiares mais distantes, pois não deixam por isso de ter responsabilidade perante a situação.
No ano de 2011, segundo os dados foram encontrados 2872 idosos mortos sozinhos em casa e, segundo os censos de 2011, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, cerca de 400 mil idosos vivem sozinhos.
A Câmara Municipal de Lisboa lançou uma campanha de apoio ao idoso em SOS com a linha 800 204 204, com o slogan: “Eu sabia que um dia me ia esquecer de tudo, não sabia é que todos se iam esquecer de mim.”
Não permita que se deixe de abrir uma janela, onde a porta já se fechou à muito, para ajudar quem nunca ousará pedir ajuda por orgulho ou não aceitação do passar dos anos.
Esteja atento e alerta, não permita que a solidão faça eco.


Andreia Pinho, Assistente Social

Onde estão os valores? por Autor anónimo & Andreia Pinho, Serviço Social


Quando eu era pequena, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais respeitáveis se tornavam. Inimaginável responder de forma mal-educada aos mais velhos, professores ou autoridades, isto tornava-se sinónimo de um bom puxão de orelhas… Confiávamos nos adultos, ouvíamos os seus conselhos e respeitávamos as suas vontades… Tínhamos medo do escuro, dos sapos, dos filmes de terror… mas hoje já não se passa isso!
Hoje em dia, dá-nos uma tristeza enorme, tudo aquilo que se perdeu… os ensinamentos dos nossos avós, o respeito pelos mais velhos, o valor da palavra “verdade”.
Actualmente, vivemos num mundo de mentira, onde a palavra já não vale. Vivemos a total perda dos VALORES de outrora. Assistimos ao descalabro: direitos para os criminosos (quanto mais ricos, mais direitos), deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem desleal em tudo, é ser idiota, pagar dívidas em dia, é ser tonto. Amnistia para criminosos. O arrastar vergonhoso de casos judiciais, só porque o principal suspeito é influente no meio.
O que aconteceu às pessoas? Onde estão os valores? O respeito? O que havemos de dizer de: professores maltratados por alunos, comerciantes ameaçados por bandidos, a necessidade de grades nas janelas e trancas nas portas? Que valores são esses? Não se entende!
Crianças do infantário com telemóveis e acessos ilimitados a redes sociais. Serão estes valores que queremos passar aos nossos filhos? Como se poderá chamar ao facto de, muitos filhos olham para os pais e verem um estranho. É necessário convívio na família, não em quantidade mas em qualidade! Actualmente deparamo-nos com o “mais vale parecer do que ser”. Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero ter de volta um mundo de valores, simples, comum e verdadeiro, onde se dá real valor ao ser humano. Onde existe amor, fraternidade, solidariedade, verdade e confiança como base, não a mentira, o ódio e a desconfiança.
Não é utopia… Basta tentar e tem de começar por cada um de nós! 


Autor anónimo & Andreia Pinho, Assistente Social

terça-feira, 29 de abril de 2014

Dinâmicas


Estas seguintes actividades foram preparadas por mim. São inspiradas em alguns livros que li. Dos meus anotamentos recolhidos, organizei as ideias e transformei-os em actividades que possam ser aplicadas em adultos e adolescentes, desde que estes o queiram, claro...
Penso que são actividades fáceis de realizar e são económicas porque só precisamos de caneta e papel (nos tempos que correm isso é muito importante) e ainda podemos desenvolver outra parte de nós!
Divirtam-se!


Atividade n.º1 – A Fé

Preconceitos: “Não sei bem o que é a fé”
“Mas o que será isto da fé?”

Material necessário: Post-its e caneta

Objetivo: Cada pessoa vai escrever num post-it o seu nome e o que é para si a fé. Seguidamente cola a sua descrição de fé no quadro para que todos possam formar uma “nuvem de fé”
“Para mim (nome) a fé é (exemplo: acreditar; ter esperança que vai acontecer o melhor).”
No final alguém lê em voz alta o que as pessoas escreveram.
Reflexão: Existem quantas definições de fé, quantas pessoas existem! Quando uma pessoa tem fé, por incrível que pareça os caminhos, por mais impossíveis que pareçam, se abrem.
Ore e acredite. A fé não inclui medo nem descrença. Porém, temos de saber e conhecer quais são os bens universais pelos quais devemos ter fé:
Exemplo de alguns:
- Força de vontade; amor; bondade; alegria; paz; felicidade; tolerância; calma; sucesso; força interior; sabedoria; memória; inteligência; saúde e por aí fora.
Por vezes existem conflitos entre o que uma pessoa pede e o que a pessoa quer, então devemos entregar a solução nas mãos de Deus, pois se ele nos atende, ele nos leva à decisão certa. Por exemplo: suponhamos que o seu marido deseja mudar-se para o Brasil e você quer ficar em Portugal. Neste caso peça para que Deus os conduza à decisão certa. A resposta virá. Na hora exata. Isto é um exemplo de fé.
Outros exemplos de fé: “Se acredita que um ovo fica cozido depois de colocado numa panela com água a ferver”, isto é ter fé; “Se quer manteiga derretida tem de a colocar perto de calor para derreter”, isto é ter fé; “Se beber água, mato a sede”, isto é ter fé.



Atividade n.º2 – Sabedoria

Preconceitos: “Eu não sei como agir”
“Não consigo lidar com esta situação”

Material necessário: Papel e caneta

Objetivo: Cada pessoa vai escrever num papel este esquema: de um lado o problema (-) e do outro a solução (+) e divide com uma linha ao meio para separar as águas.

Problema (-)

Solução (+)
Exemplo: “Estou triste com ….”
Exemplo: “Vou correr, passear um pouco… porque… correr faz-me feliz”
… tem um problema de saúde…
Tenho de ir visitá-la mais vezes, porque me sinto útil


Preencha o seu esquema, se tiver dificuldades em encontrar soluções, peça opinião a alguém, nem que seja a um desconhecido e pergunte-lhe “Como é que tu farias para encontrar uma solução para este problema?”. Não se esqueça de agradecer a essa pessoa. 

Reflexão: por vezes focamos tanto o problema que não conseguimos ver soluções. E a solução por vezes até pode ser apenas “esperar”.
Este exercício ajuda focarmos-nos nas soluções, pois pensamentos positivos atraem pensamentos positivos. “Semelhante atrai semelhante”. A sabedoria está dentro de si. A sabedoria diz-nos o que fazer e como fazê-lo. A sabedoria traz-nos paz de espírito. Por vezes andamos desmotivados, desanimados então temos de “trocar de pensamentos”. Inicialmente pode ser difícil, mas se for treinando torna-se um hábito.
Todas as pessoas querem amar e ser amadas; apreciar e ser apreciadas e toda a gente quer viver os seus sonhos. 

Atividade n.º3 – Oração

Preconceitos: “Não sei rezar”
“Não sei como pedir”

Material necessário: Papel e caneta

Objetivo: Escolha uma pessoa por quem fazer uma oração de cura durante 3 dias (ou mais se quiser). Se conhecer alguém doente e a precisar de ser curado, escolha essa pessoa. Se não conhecer ninguém peça à sua família uma opinião de alguém que precise.
Escreva num papel o nome da pessoa que escolheu e a razão pela qual crê que ela necessita da luz de Deus. Faça uma letra bonita e escreva de forma legível e clara, como se estivesse a escrever algo sagrado, porque está mesmo.
As pessoas que se sentirem à vontade são convidadas a partilhar ao grupo a sua oração. De pé, de modo a que se ouça a sua intenção, a pessoa deve dizer em voz alta o nome e as razões pela qual a escolheu. Fale como se Deus o estivesse a ouvir.
Reflexão: Por vezes pensamos erradamente que não sabemos orar, ou seja não sabemos o que pedir. Para se rezar bem, temos de rezar com o coração. Há quem peça em oração por si, pelos outros, pelo mundo, pela paz, para perdoar quem nos ofendeu, e ainda há os que rezam sem saber porquê. Mas orar é a fórmula do milagre. Mas mesmo assim, algumas pessoas oram pouco, oram apenas uma vez por dia e passam o resto do tempo a queixar-se e assim a oração demora muito mais tempo até ser atendida. Por isso, escolha pensamentos felizes.

Atividade n.º4 – Gratidão

Preconceitos: “Não tenho nada de bom”; “Não sei demonstrar os meus sentimentos”

Material necessário: Papel e caneta

Objetivo: Este exercício requer reflexão e tempo para escrever. Depois disso a parte divertida pode começar.
Faça uma lista de todas as experiências amáveis de que se consiga lembrar. Por exemplo: “sorri e sê feliz”; “Deus ama-te e eu também”; “Tem um bom dia”; “Obrigada por seres como és”. Tente escrever, pelo menos, entre dez a vinte frases que saiba que Deus gostaria de saber.
A segunda parte deste exercício é escrever estas frases em cartão colorido para serem transportadas na sua carteira ou no seu bolso para estarem sempre à mão. Agora estamos prontos para as entregar.

Reflexão: Distribua estas frases de gratidão sempre que quiser. Se a pessoa que está na caixa de supermercado for prestável ou precisar de um abraço dê-lhe uma frase e veja as pessoas sorrirem. Não se limite a saber. Passe à prática.
A gratidão faz toda a diferença na nossa vida. As atitudes de gratidão fazem-nos sentir reconfortados e queridos. O mundo precisa de pessoas gratas. Todos sabemos que isto é verdade, mas como sabemos compreendemos que não é suficiente sabermos que é verdade, temos de demonstrar que isto é verdade! Divirta-se!


segunda-feira, 14 de abril de 2014

Chernobyl - reportagem de Mário Augusto, Jornalista

O lugar cinzento onde nasce o Verão Azul

O lugar cinzento onde nasce o Verão AzulEste é um relato de viagem, não a simples reportagem de um lugar. Sem pressa, faço-vos o filme do que vivenciei no contacto com as crianças de Ivankiv e na visita a um lugar onde a morte é lenta e invisível: toda a região proibida em redor de Chernobyl, cidade ucraniana cuja central nuclear explodiu em Abril de 1986. Deixo-vos com o relato, em duas partes, do que me ficou no olhar da memória.
Imagens e afectos esmagados por uma dura realidade. Olhos bonitos ainda expressivos, crianças fintadas pelo destino que contam os dias que faltam para chegar ao sol. Dei comigo a pensar que o mundo é pequeno, a vida é dura e faz de nós o que quer. Por vezes são outros, até desconhecidos distantes, que trocam as voltas e lhe dão sentido ou oportunidades.
O Verão Azul é isso mesmo, um bocadinho de céu limpo e com horizonte. Visitar Chernobyl, conhecer as condições de vida de muitas das crianças apoiadas por este projecto solidário, foi uma experiência para a vida que se define numa única frase roubada da obra de Milan Kundera. O que vi e senti é a insustentável leveza do ser.
As imagens que registei na memória são emoções, gritos gravados a traço fino em notas de viagem.
Durante quatro dias, num Novembro frio, ainda temperado por lá na Ucrânia (a temperatura ronda os cinco graus durante o dia), os técnicos que organizaram esta viagem voltaram a fazer o percurso de reencontro com o projecto Verão Azul. Era preciso perceber como estão as crianças que já fazem parte do plano de férias das famílias portuguesas que as acolhem. Mas esta equipa tinha ainda outra missão: conhecer e sinalizar mais umas quantas crianças, de forma a tornar o projecto mais abrangente de afectos e, acima de tudo, de esperança para essas crianças.
Eu fui viajante silencioso mas de olhar atento, espantado. Sem compromisso, viajei só para ver e conhecer essa dura realidade, as privações. Percebi que os olhos podem gritar em silêncio, jubilar de alegria, ou mesmo gelar quem passa distraído ao lado. É essa viagem que vos proponho. Pude caminhar silencioso, às vezes arrepiado, preso pela estranheza do lugar, percorrendo as terras abandonadas e tóxicas.
Começo pelas crianças porque é delas que guardo os grandes planos dos afectos. De tudo senti nuns olhares breves que cruzámos.
Eu vi. Eu vi o abraço da Vitória e este sorriso que uma foto guarda e fixa. Foi um abraço sentido que tinha a partilha e a emoção de reencontro. Foram uns segundos apenas, mas valeram por semanas ou meses de distância.
Conheci-a no Verão passado, aqui em Portugal. A Vitória e mais de uma dezena de crianças vêm há seis anos para Portugal por um mês de férias. São crianças das zonas pobres e de risco, as que vivem ali coladinhas aos terrenos perigosos e contaminados de Chernobyl, nas aldeias que ficam em redor de Ivankiv. Crianças que passam um mês de sol e praia no aconchego das famílias portuguesas que as recebem. É um mês de férias mas não só, são dias bronzeados de amizade e carinho, com uma sombrinha de Paraíso.
Dizem-me, e está comprovado, que ganham anos de vida. Assim talvez possam resistir melhor à palidez do seu país de contrastes e à pobreza extrema conformada. Percebi nesta visita aos lugares onde elas crescem e talvez brinquem, o que distingue o ser pobre do viver na miséria: pode ser-se pobre e tratar bem do que o dinheiro não compra, a dignidade e o asseio, ou viver derrotado nesse combate desigual e miserável na desistência encharcada em vodka.
A aldeia da Vitória tem um ar pesado; respira-se porque não há outro. O céu pousa, cinzento, sem pedir, numa pressão que desce até às cabeças, nos faz curvar o ânimo e quase nos esmaga. Por aqui já se habituaram. Pudera - não têm outro. O Inverno encurta o dia até onde pode. Às quatro da tarde é noite fechada e fria.
Andei uns quilómetros mais à frente, tudo existe numa morte lenta, desde logo a esperança. Chegámos no Outono já frio, mas a experimentar o que aí vem de Inverno, em que as temperaturas podem chegar aos 20 graus negativos. Começa por um branco imaculado, transforma-se num lamaçal escurecido com o degelo lento e deprimente de quatro meses. Não imagino o que será viver assim. Até poderia falar-lhes de fado, da malfadada vida que lhes deram, mas não foram eles a pedir uma central nuclear ali mesmo ao lado da porta, atravessando o quintal. Os invernos duros e gelados só são bons quando podemos imaginar uma Primavera verde e florida. Ali não.
Não fosse aquele veneno radioactivo quase invisível e pegajoso, sempre pousado que nem uma neblina matinal que se estende em extensas e planas terras de bosques e lagos, esta região seria - poderia ser - o celeiro de uma Europa sempre necessitada. Mas não, Chernobyl é nome que assusta e que há-de assustar, sei lá até quando. É preciso andar muito, mais de uma hora de carro, para deixar de sentir tão pesada herança. Só quase a chegar a Kiev é que se pressente o cosmopolita cheiro da cidade grande, da capital. Mas é aí que a indiferença dos contrastes mais dói. Senti-me na quinta avenida de Nova York, as 'grifes' de preço proibitivo estão lá todas: Chanel, Prada, Louis Vuitton, todas alinhadas e mais algumas a arrepiar de exagero, tal como o parque automóvel, dos mais caros que já vi.
Não foi preciso muito, bastou andarmos poucas dezenas de quilómetros e o país não é o mesmo, essas contradições são gritantes, chegam a revoltar pela exuberância das lojas, dos carros, pela opulência que o dinheiro compra sem contemplações nem respeito pela dignidade dos que nada têm. Na capital toda a gente corre para não parar, tropeçando nessa ideia de pobreza que está ali, paredes-meias.
Ivankiv
Ivankiv é uma cidade que fica a 70 kms da capital. É difícil acreditar que se lhe dê essa designação, demasiado pomposa para o lugar.
Há uma feira a céu aberto (não consegui sequer imaginar como funcionará no pico do Inverno, sempre rigoroso e branco). Há um mercado de lojas com bancas corridas de carne desprotegida. Vi um cão parado, cego de um olho, que farejava qualquer apara que lhe dessem ou que caísse da mesa do talhante. Uma cabeça de porco pendurada parecia sorrir, não percebi bem de quê. Há também peixeiras, que vendem peixe vivo de rio, quiçá contaminado. Mas o que não mata engorda, ou só mata devagarinho, sem que se sinta ou se veja.
Neste registo espantado dos ambientes, saltou-me à vista um casal idoso. Ela tinha apenas uma garrafa para vender e uns saquinhos de não sei bem o quê. Mais um molho de salsa e um fruto grande que parecia abóbora. Nada mais. Ele, ao lado, talvez marido ou só vizinho de venda, tinha nove peixes para quem quisesse. Era ele certamente que os pescava antes de ir para o mercado. Todos vivinhos ainda, a mexer, enquanto se 'afogavam' no ar. Na mesa estavam uns frascos de conserva com um liquido pastoso e esbranquiçado. Não quis saber o que era.
Em redor de Ivankiv há muita terra que não se pode arar, pelo menos oficialmente. Aqui e ali, uma casa que cai aos pedaços, outras mesmo abandonadas. E chamam a isto aldeias.
Naquelas onde entrei, nem todas tinham portas: apenas cortinas separavam as divisões. De luxos só detectei televisores, mas vi de tudo: casa pobre e asseada, pequeno apartamento a transbordar de lixo e roupa suja em que se tropeçava ao entrar, num desleixo que impressionava, de um casal jovem com três filhos ainda pequenos de dois pais diferentes. Entrei em alguns, mas a correr, por não aguentar ficar; era um cheiro estranho que pairava e parecia circular em câmara lenta, de tão nauseabundo, que se entranhava no ar daquele aquecimento doentio e permanente das casas húmidas.
As famílias numerosas, as que têm mais de três filhos, recebem um magro subsídio do Estado. Os números oficiais dizem que nesta província são mais de dez mil essas famílias, vivendo muitas delas no limiar da pobreza extrema. Mesmo assim, encontrámos na mais numerosa prole a alegria estampada em caras pequeninas e sorridentes. Dez filhos - doze bocas em casa para alimentar. Quando chegámos, estavam todos em grande e divertida algazarra no quintal.
Faço, mentalmente, um grande plano de Angelina: é jolie, é vivaça de olhos grandes, pele mais branca no contraste da camisola vermelha. Esta cara pode simbolizar o que de bom o projecto Verão Azul guarda de esperança. Por uma criança que fosse, já valeria a pena, mas já há muitas que transformaram um mês de vida por cá em anos ganhos por lá. Ali, eu senti ao olhar para Angelina a vida e aquele reforço quente que desce da alma ao peito, confirmando que vale sempre a pena fazer alguma coisa por alguém.
Quando damos, não estamos só a entregar algo; estamos também a emprestar o que um dia pode ser de novo distribuído, forte e grande como uma semente que, por bem entregue, pode fazer a sementeira de um descampado árido de afectos. A equipa que segue de perto estes casos continua cuidadosa e dedicada a semear, e eu vi como isso se pode fazer com o coração num olhar humedecido pela surpresa de cada história de vidas ainda pequenas.
Os irmãos da Angelina, este ano, vêm a Portugal pela primeira vez. Ela vai ter que esperar, ainda não tem a idade mínima dos seis anos para aderir ao projecto.
A Vitória atinge este ano a idade-limite para poder usufruir do Verão Azul. A Katrina cresceu a olhos vistos, ano a ano, e fala em português com orgulho da sua família da Maia.
Só doeu ver uma outra menina, também Vitória, mas só de nome. Tem 13 anos. Sem a conhecer, sentia-a derrotada. O olhar era pálido, escassas palavras envergonhadas num português que aprendeu a correr nos verões passados. Reparei que poucas vezes olhava nos olhos tristes e submissos. Cruzava os dedos na concha das mãos como quem agacha o sofrimento. Talvez vergonha pela família que nos mostrava.
Só a vi sorrir por momentos depois das despedidas. Veio a correr até à rua como quem espera boleia imaginária. Vitória sorriu, breve e a custo, apenas para dizer:
- O Paulo está bem? Manda cumprimentos, pediu, referindo-se à família de acolhimento que a recebe há seis anos em Portugal.
Todos os meninos que visitámos e mais alguns - talvez uns 20 -, em 2014 vão pintar de azul o Verão. Vi uma equipa com atitude, mobilizada e atenta ao chegar a escada da oportunidade, fornecendo as tintas da esperança, mesmo que um ano depois seja preciso retocar ou pintar tudo de novo. Afinal, o que é a vida que não um colorido mural sempre inacabado?
O acidente de Chernobyl foi ali mesmo ao lado. Aquelas crianças nasceram ali. Segui viagem porque o pior cenário estava ainda por sentir.
Esta reportagem teve o apoio da Liberty Seguros