Idosos
encontrados mortos em casa… são volta e meia notícia à hora das principais
refeições do dia!
Um
dia olhamos para o espelho e percebemos que o tempo passou… o corpo e a pele
estão diferentes, a energia deu espaço ao cansaço e à insegurança. As
experiências de vida são agora sabedoria, histórias ricas de senso comum que os
jovens teimam em não aceitar como exemplo. Recordo-me como em pequena cheguei a
ir à mercearia, na minha bicicleta cor-de-rosa, fazer compras para idosos meus
vizinhos e como me sentia útil ao ajudá-los.
É
a percepção do passar dos tempos que dá lugar à sensação de inutilidade e
depressão. Do fruto das mudanças do corpo e rotinas acabamos por nos isolar
quando mais precisamos que nos procurem, de receber um abraço, de uma conversa
e reviver emoções como num jogo de sueca.
Um
dilema para quem as perdas vão sendo muitas (os amigos, o cônjuge, e até de
filhos), conquistas e companhias de toda a vida vão desaparecendo sem aviso
prévio deixando marcas, fotografias e alimentando o fantasma da solidão.
A
solidão vai permitindo que o idoso perca rotinas e contactos até que os
familiares mais próximos e vizinhos tenham notícia pelos piores motivos...abandonados
em casa entregues à morte pela solidão e desamparo.
Por
isso, devemos estar sensíveis a familiares e vizinhos de mais idade e, se for o
caso, abordar o próprio para se dirigir à instituição mais próxima, ou
sinalizar a situação também a familiares mais distantes, pois não deixam por
isso de ter responsabilidade perante a situação.
No
ano de 2011, segundo os dados foram encontrados 2872 idosos mortos sozinhos em
casa e, segundo os censos de 2011, disponibilizados pelo Instituto Nacional de
Estatística, cerca de 400 mil idosos vivem sozinhos.
A
Câmara Municipal de Lisboa lançou uma campanha de apoio ao idoso em SOS com a
linha 800 204 204, com o slogan: “Eu sabia que um dia me ia esquecer de tudo,
não sabia é que todos se iam esquecer de mim.”
Não
permita que se deixe de abrir uma janela, onde a porta já se fechou à muito,
para ajudar quem nunca ousará pedir ajuda por orgulho ou não aceitação do
passar dos anos.
Esteja
atento e alerta, não permita que a solidão faça eco.
Andreia
Pinho, Assistente Social
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