quinta-feira, 15 de maio de 2014

A “Soledade” do Idoso, por Andreia Pinho - Serviço Social


Idosos encontrados mortos em casa… são volta e meia notícia à hora das principais refeições do dia!
Um dia olhamos para o espelho e percebemos que o tempo passou… o corpo e a pele estão diferentes, a energia deu espaço ao cansaço e à insegurança. As experiências de vida são agora sabedoria, histórias ricas de senso comum que os jovens teimam em não aceitar como exemplo. Recordo-me como em pequena cheguei a ir à mercearia, na minha bicicleta cor-de-rosa, fazer compras para idosos meus vizinhos e como me sentia útil ao ajudá-los.
É a percepção do passar dos tempos que dá lugar à sensação de inutilidade e depressão. Do fruto das mudanças do corpo e rotinas acabamos por nos isolar quando mais precisamos que nos procurem, de receber um abraço, de uma conversa e reviver emoções como num jogo de sueca.
Um dilema para quem as perdas vão sendo muitas (os amigos, o cônjuge, e até de filhos), conquistas e companhias de toda a vida vão desaparecendo sem aviso prévio deixando marcas, fotografias e alimentando o fantasma da solidão.
A solidão vai permitindo que o idoso perca rotinas e contactos até que os familiares mais próximos e vizinhos tenham notícia pelos piores motivos...abandonados em casa entregues à morte pela solidão e desamparo.
Por isso, devemos estar sensíveis a familiares e vizinhos de mais idade e, se for o caso, abordar o próprio para se dirigir à instituição mais próxima, ou sinalizar a situação também a familiares mais distantes, pois não deixam por isso de ter responsabilidade perante a situação.
No ano de 2011, segundo os dados foram encontrados 2872 idosos mortos sozinhos em casa e, segundo os censos de 2011, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, cerca de 400 mil idosos vivem sozinhos.
A Câmara Municipal de Lisboa lançou uma campanha de apoio ao idoso em SOS com a linha 800 204 204, com o slogan: “Eu sabia que um dia me ia esquecer de tudo, não sabia é que todos se iam esquecer de mim.”
Não permita que se deixe de abrir uma janela, onde a porta já se fechou à muito, para ajudar quem nunca ousará pedir ajuda por orgulho ou não aceitação do passar dos anos.
Esteja atento e alerta, não permita que a solidão faça eco.


Andreia Pinho, Assistente Social

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