Esta reflexão surge dos objetivos de desenvolvimento do milénio da
ONU (Organização das Nações Unidas).
Trata-se de um trabalho anotado por mim, mas elaborado pela aluna Andreia Moreira para a avaliação da disciplina de Sociologia do Curso Profissional de Animação Sociocultural.
Foi autorizada a sua publicação aqui no blogue pela aluna.
Este trabalho está organizado por reflexões pessoais que servirão de guia para a
realização da reflexão crítica pessoal.
Desenvolvimento
A ONU tem como missão a promoção
e proteção dos direitos humanos, bem como impulsionar a paz mundial da
sociedade.
Durante a última década, a
Declaração do Milénio e os Objetivos de Desenvolvimento
do Milénio (ODM) deram origem a compromissos e parcerias reafirmadas em cimeiras
e reuniões sucessivas.
A “Declaração do Milénio” foi adotada no
ano 2000 por 189 Estados Membros, incluindo Portugal. É vista como um marco
decisivo a nível internacional do século XXI.
Implica um comprometimento, por
parte dos Estados Membros de oito grandes objetivos.
Para
avaliar o cumprimento daquele compromisso, estabeleceram-se 8 objetivos, como
se vê na ilustração n.º1, de Desenvolvimento do Milénio (ODM), a alcançar até ao ano de 2015.
Estes “objetivos” são também uma
expressão de direitos humanos fundamentais: na luta contra a pobreza e fome, a
desigualdade de género, a degradação ambiental e o vírus do VIH/SIDA, entre outros. Assumiram
ainda o compromisso de melhorar o acesso à educação, a cuidados de saúde e acesso a água potável.
A Declaração
do Milénio é a mais importante promessa coletiva jamais feita às populações
mais vulneráveis do mundo.
Os ODM definem orientações e são por isso, uma
forma de responsabilização que representa uma viragem histórica da sociedade.
Representam a solidariedade, a justiça e o reconhecimento de que somos cada vez
mais dependentes uns dos outros no que se refere à nossa prosperidade e
segurança coletivas.
Os objetivos
são importantes porque implicam o início de um desenvolvimento justo e
sustentável para todos, uma vez que todos enfrentamos
desafios de trabalhar conjuntamente para garantir o fim da pobreza; instauração de um desenvolvimento sustentável que salve o planeta e redução do
impacto devastador das alterações climáticas aos seus habitantes, sobretudo os
mais vulneráveis.
Diversos países alcançaram êxitos
importantes no combate à pobreza extrema e à fome, na melhoria da escolarização
e da saúde infantil, no alargamento do acesso a água potável e do acesso ao
tratamento contra o VIH e no controlo da malária, da tuberculose e das doenças
tropicais.
O que prova que é possível
realizar os ODM adotando as políticas
apropriadas, investindo os recursos suficientes e beneficiando do apoio
internacional.
Alguns países pobres e até
regiões inteiras fizeram progressos notáveis. Por exemplo, a África apresentou
enormes melhorias em termos de saúde infantil e taxas de escolarização no
ensino primário, ao longo das duas últimas décadas.
Por exemplo a África conseguiu
uma das maiores reduções jamais registadas, em todo o mundo, da taxa de
mortalidade pelo sarampo.
Todavia, os progressos têm sido
desiguais e, sem esforços adicionais, é provável que muitos países não alcancem
vários ODM.
Os problemas são mais graves nos
países menos avançados, nos países em desenvolvimento e nos países vulneráveis
aos riscos naturais e ao crescimento da violência armada.
Os países que se encontram em
conflito ou que estão a sair dele têm mais probabilidade de serem pobres e
enfrentam maiores dificuldades porque são desprovidos de infraestruturas
básicas, de instituições e dos recursos humanos adequados para além de que a falta de
segurança entrava o desenvolvimento económico.
O tempo é escasso, mas assumir a
liderança eficaz nos governos e uma adaptação nacional das estratégias de
desenvolvimento seria meio caminho para continuar esta caminhada.
Políticas eficazes para apoiar a
implementação – de leis, regulamentos, normas, procedimentos, diretrizes
(gerais ou específicas sobre os ODM), que
afetem o comportamento dos indivíduos e a conduta dos prestadores de serviços
(Sociólogos, Assistentes Sociais, Psicólogos, Advogados, Animadores
Socioculturais, etc) e outros com os quais tenham de interagir (famílias,
crianças, etc.).
Investimentos de qualidade com
grupos-alvo definidos e financiados por fontes de ajuda internacional ao
desenvolvimento, com base numa abordagem holística que englobe a agricultura, a
saúde, a educação, as infraestruturas, desenvolvimento das empresas e a
proteção do ambiente.
Capacidades institucionais
adequadas para prestarem serviços de qualidade, de uma forma equitativa, à
escala nacional, tais como serviços adequados, pessoal competente, equipamentos suficientes e um acompanhamento eficazes.
Participação da sociedade civil e
das comunidades e reforço das suas capacidades de intervenção que aumentem as
possibilidades de êxito, dando aos indivíduos a capacidade de assumir o
controlo das suas vidas (independência).
Parcerias internacionais eficazes
entre todas as partes interessadas, nomeadamente governos dos países doadores,
comunidades locais, organizações não-governamentais (ONG), o sector privado e instituições,
com a responsabilização mútua de todas as partes interessadas.
Entre outras coisas, implica, por
um lado, uma prestação de ajuda por parte dos doadores e, por outro, uma maior
capacidade do Estado e da sociedade dos países beneficiários no que se refere a
gerir recursos de uma forma transparente e com responsabilidade.
Reflexão crítica
A questão abordada diz respeito
ao conceito de desenvolvimento dos ODM,
onde as sociedades teriam que se “ajustar” para conseguirem atenuar a seriedade
dos problemas e diminuir os processos resultantes da involução política e
social.
No entanto, sabemos que as pessoas em causa (grupos-alvo) podem ser de diferentes classes ou grupos sociais, regiões ou países, apresentando problemas diferenciados de uns para os outros. Além de que, este sistema, quase que
adormecido, arrisco-me a dizer, onde nos tempos que correm com a falta de legitimidade
dos governos a aumentar criam-se condições para que surjam outras “frentes sociais”
que tornam possível um renascimento do desenvolvimento concebido como deve ser:
a combinação de progresso social, avanço democrático e a afirmação da
independência nacional dentro da globalização.
Se fosse feita uma análise crítica
dos objetivos já traçados, bem como a definição dos meios que seriam
necessários para implementá-los a conclusão seria que os ODM não podem ser exatos.
Na minha opinião a adoção de um discurso de
esperança compassiva não compromete. E quando a expressão destas esperanças é
acompanhada por condições que, essencialmente eliminam a possibilidade de
tornar-se em realidade, pergunta-se: não são os autores do documento a querer seguir
outras prioridades que nada têm a ver com a "redução da pobreza" e tudo
o resto?
Neste caso, é como atirar areia
para os olhos daqueles que são forçados a aceitar as ordens do liberalismo ao
serviço de interesses do capital globalizado dominante.
Os ODM são parte de uma série de
discursos que têm a intenção de validar as políticas e práticas implementadas
pelo capital dominante e aqueles que o apoiam, ou seja, em primeiro lugar, os
governos dos países da “tríade”, e em segundo lugar os governos do sul.
Há muito ainda, por caminhar, pensar e escrever sobre o que está a acontecer à nossa volta e sobre a vertente humana utilizada nestas iniciativas. Será que os ODM são exatos, reais? Sim, se mensurados e trabalhados para esse fim humano. Mas para isso o mundo tinha de se pôr a mexer. E já. Sem data de fim como o anunciado: "até 2015". A vertente humana implica ações, tempo, anos e trabalho contínuo.
Conclusão
Este trabalho contribuiu para que
a nível pessoal me tornasse mais consciente do trabalho da ONU no âmbito da
sociedade.
Quanto aos ODM, verifiquei que existem, mas em termos práticos existem algumas lacunas que terão de ser revistas, e se possível, revistas pelo mundo e todos os representantes dos países. É necessária uma sensibilização maior, mas mais ainda, uma mobilização para que, se cumpram os objectivos já que para 2015 são uma quimera.
A ideia está lá. Mas as ações nem sempre.
No Brasil, com o Projeto "Envolva-se" algumas acções tem sido realizadas através do comprometimento voluntário de pessoas e instituições públicas e privadas.
Essas ações são essencialmente através do reforço de ações já existentes, formando parcerias.
Entre muitas outras iniciativas, por exemplo, os cidadãos que queiram fazer a diferença no local onde vivem e contribuir para resolver os problemas da região, participam em oficinas voltadas para o desenvolvimento local (como por exemplo esta senhora do vídeo ao lado - Marli Medeiros).
Nessa oficinas são debatidas ações que integram a comunidade, melhorando o diálogo entre moradores, poder público e empresas.
Todos podem e devem ser interessados em contribuir para melhorar a qualidade de vida do mundo, do seu país e da sua região. Mas é preciso agir. E assim, termino com as palavras da Srª Marli "Este é o meu papel de cidadã, para fazer é só querer, para fazer é só começar".
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