quarta-feira, 19 de março de 2014

Quando descobrem que somos Assistentes Sociais - Serviço Social



Saudações, colegas e amigos dos Assistentes Sociais

Uma imagem tão simples e um tema tão polémico: Como me foi feito o pedido, pediram-me para comentar esta foto, desmistificando não é preciso fugir, aqui vai:

1."Vocês tiram os filhos das mães"
Nós não tiramos filhos a ninguém: os pais e as escolhas da vida é que fazem com que as situações aconteçam. Nós avaliamos a capacidade do cuidador da criança e só em casos extremos de negligência é que o Tribunal e entidades de direito enviam uma "ordem" para que a criança por ex por motivos de perigo de vida seja retirada da família. Mas estará a pensar: não estamos nós diariamente todos em perigo de vida? Sim, estamos. Mas o Assistente Social aqui, é apenas um profissional que esta envolvido neste processo, muitas vezes complicado pelo papel que tem de adoptar em prol dos direitos humanos (por exemplo direito à vida, direito a estudar, direito à alimentação, etc). Em casos extremos de maus tratos e negligencia a criança por motivos de segurança tem de ser afastada do meio familiar

2. "O que você mais faz é entregar alimentos" 
O Assistente Social não entrega só cabazes de mercearias e alimentos. A entrega de bens alimentares são politicas adoptadas pela União Europeia para suprir necessidades muitas vezes camufladas pelas famílias. Sim, pode ser uma política em que "SE DÁ O PEIXE" e não se ensina a "PESCAR", mas existe e é muito útil para os beneficiários. Esta medida faz toda a diferença a muitas instituições e em muitas situações. 

Por exemplo uma instituição com 47 idosos que sirva almoço e jantar a esses idosos, em média, gasta por mês 100 kg de arroz. E não se pode comer arroz todos os dias, como sabem. Podem ser beneficiários/as as famílias/pessoas/instituições quando:  

Famílias/pessoas são carenciadas por:
Baixo rendimento do agregado familiar;
Desemprego;
Situações de prisão, morte, doença, separação e abandono;
Pensionistas do regime não contributivo;
Número de pessoas do agregado familiar;
Situações de catástrofe.

Instituições/utentes que são carenciadas por:
Maior número de utentes carenciados cujas comparticipações são diminutas;
Elevado número de utentes com características específicas de acordo com as tabelas dietéticas (crianças, jovens e idosos);
Número de valências desenvolvidas;
Localização em meio degradado e/ou com menor abastecimento de produtos (o que os encarece).

3. "Eu sou quase um Assistente Social: Sempre que posso ajudo os pobres"
Sejam quais forem as profissões nenhuma pode substituir a do Assistente Social. Ser Assistente Social implica ter formação aprofundada em ciências humanas, sociologia, psicologia, economia entre outras que dão ferramentas e desenvolverem competências únicas para essa pessoa (Assistente Social) trabalhar com grupos de pessoas, comunidades, instituições ou individualmente.  
Quem pensa que todos podem ajudar os pobres, não erra, pois todos podem, mas quase ninguém o faz! Saiba-se que a própria pobreza é feita pelos humanos e que pode também ser acabada pelas acções dos mesmos humanos. Uma coisa é falar, outra é fazer. 

4. "Vocês tem é que dar empregos e não dar esmolas"  
Nós não damos esmolas nem damos empregos. Apenas servimos de elo entre o Estado e as pessoas nas medidas/políticas que essas mesmas pessoas queiram ser beneficiárias, ou grupos identificados assim o necessitem. Por exemplo o Rendimento Social de Inserção existe para ser aplicado a situações de carência económica, doença, desemprego, etc. Se concorda que é verdade que de facto os dinheiros atribuídos são mal geridos por essas pessoas, já experimentou ajudar essas pessoas por exemplo aconselhando-as sobre "que devem poupar, não devem estragar, podem comprar alimentos necessários", etc? Pode começar por aí. Já é um bom começo, com o seu apoio pode ser que essas pessoas melhorem e consigam arranjar um trabalho e muito mais. Os milagres existem! Normalmente são os Assistentes Sociais que estão mais próximos daqueles que não tem "capacidades" para "fazer valer os seus direitos" e as outras pessoas que não precisam de ninguém para o fazer acham que os outros também o podem fazer sozinhos, julgando o trabalho do Assistente Social, quando na verdade a realidade é outra. "Ninguém é tão ninguém que nunca precise de alguém"

5. "É fácil"
Nem é fácil nem é difícil. Depende do seu foco. Se focar apenas os problemas em vez das potencialidades não vai a lado nenhum a nível pessoal/profissional muito menos no trato com os outros. Ter esta profissão e trabalhar com estes profissionais implica um trabalho diário, muitas vezes de anos, para conseguir pequenos resultados numa instituição, numa comunidade. Por isso não o desperdicem. Ajudem, colaborem, investiguem, questionem, estudem mas também não empatem. 


Com os melhores cumprimentos, 
Eu, Assistente Social

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